Mosca na sopa - Condado View
Legenda: Esta é a sua carta semanal para atualizar o cenário de mercado. O objetivo é que você pelo menos fique um pouco mais informado ou tenha o que comentar na mesa do almoço.
EUA - entre Hard landing e Sahm Rule
Você dormiu e acordou na sexta-feira e, surpresa, o mingau que a Cachinhos Dourados tomou estava azedo. Quem colocou todas as fichas no timing impecável, elogiando o mandato duplo do FED, tomou uma tungada forte. Pelo menos no mundo das expectativas, que feliz ou infelizmente é o mundo do mercado financeiro..
O pouso suave da economia americana parecia uma realidade. Corta para sexta-feira (2), o dia em que sairia um dado um tanto quanto importante: o payroll. Pois bem, os dados de emprego vieram piores do que as expectativas. Mas pouco emprego não era bom até pouco tempo atrás? Era, mas isso só funciona quando a inflação está "descontrolada" e existe a necessidade de esfriar a economia. Agora, com o desemprego subindo, a narrativa sobre a economia americana mudou de um pouso suave para uma queda livre rumo à recessão. Sempre a bipolaridade.
Na semana passada, o payroll revelou a criação de apenas 114 mil vagas de trabalho fora do setor agrícola em julho, bem abaixo das 175 mil vagas esperadas. E não é só isso: a taxa de desemprego aumentou para 4,3%, em comparação com os 4,1% registrados no mês anterior.
Esse indicador causou um verdadeiro pânico no mercado financeiro, e claro, tem até um nome sofisticado para o medo generalizado de desaceleração econômica: hard landing. Parece que o transatlântico da economia dos EUA desacelerou demais e o timing perfeito do FED foi por água abaixo. O pessoal gosta de usar a Sahm Rule para verificar se há uma recessão de fato. Essa regra indica que uma economia está em recessão se a taxa de desemprego aumentar 0,5 ponto percentual ou mais na média de três meses, em comparação ao menor valor registrado nos 12 meses anteriores.
Tem alguma possibilidade do resultado de tudo isso não ser uma sangria no mercado financeiro? Não se surpreenda com as perdas da semana nos Dados de Mercado abaixo.
Japão - cai 12% sobre 10%
O Japão veio jogar ainda mais lenha nessa fogueira. A bolsa japonesa teve a maior desvalorização desde 1987 (Garfield manda resmungos), em 12,4%. Todo mundo pensava que os culpados pela desvalorização da bolsa japonesa era o dado novo do payroll, mas parece que o anúncio de aumento de juros anunciado na sexta-feira (31) e os impactos do desmonte de carry trade são os verdadeiros culpados.
Carry Trade é aquela operação realizada por investidores institucionais que ganham com diferencial de juros. Pegam dinheiro emprestado a juros zero no Japão e aplicam em outras economias com juros mais altos. Se os juros deixam de ser zero, e a moeda que denomina sua dívida valoriza, o custo dessa brincadeira sobe e o pessoal começa a desmontar as operações. Isso se agrava ainda mais quando existe uma expectativa de queda mais brusca nos EUA.
O mercado, que já estava em pânico por causa da desaceleração americana, fez o iene subir 2,1% em relação ao dólar na segunda-feira (5).
Além disso, a bolsa de Tóquio levou um tombo graças ao fortalecimento da moeda nacional, puxada pelas exportadoras do índice Nikkei, empresas com receita em dólar. Resultado: queda de - 12,4% no principal índice japonês.
Mas fiquem tranquilos, no dia seguinte (06) a bolsa japonesa já subiu 10,23% e o vice-presidente do Banco Central japonês já declarou que não vai aumentar as taxas de juros enquanto os mercados estiverem enlouquecidos. Nunca mais teremos aumento de juros, então?
Brasil - Dos maus o maior
O Brasil não está tão feio na foto e não compartilha da narrativa de crescimento mais fraco. Essa reviravolta nos EUA dá uma enfraquecida na tese de aumento de juros por aqui também.
A ata do COPOM veio com um tom mais hawkish na terça-feira (06). Reforçaram a unanimidade do comitê e deixaram a porta aberta, caso necessário, o aumento da taxa de juros. Mas isso já envelheceu mal.
As únicas certezas da vida são a morte e os imposto, o Taxadd anunciou que o seu cigarrinho vai ficar mais caro. O preço mínimo do maço vai subir de 5 reais para 6,5 a partir de setembro. Já o IPI do maço vai subir de 1,5 para 2 reais a partir de novembro. Boa notícia para a arrecadação e má notícia inflação e para você que vive somente de cigarro - e café.
Dados de Mercado
Data-base: 07 de agosto de 2024.
Fonte: Yahoo! Finance
Frase do dia
"É fácil de explicar: é pânico" - Jorge Knauer
Curiosidade da semana
Todas as bactérias do mundo empilhadas umas sobre as outras se estenderiam por 10 bilhões de anos-luz. Juntos, os micróbios de 0,001 mm de comprimento da Terra poderiam dar a volta na Via Láctea mais de 20.000 vezes.